domingo, 20 de março de 2016

Contra ideologia

A IDEOLOGIA E A CONTRA-IDEOLOGIA

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

            Nossos jovens estão de volta às aulas. A abertura do ano escolar é sempre uma festa de alegria, de fé e de esperança. É com esse sentimento que saúdo os estudantes, seus pais e, muito especialmente, todos os professores brasileiros.

            Estou aqui para reafirmar o meu compromisso com a melhoria da educação e convocar todos os brasileiros e brasileiras para lutarmos juntos por uma educação de qualidade. Vivemos um momento especial de nossa história. O Brasil se eleva, com vigor, a um novo patamar de nação. Temos, portanto, as condições e uma imensa necessidade de darmos um grande salto na qualidade do nosso ensino. Um desafio que só será vencido se governo e sociedade se unirem de fato nesta luta, com toda a força, coragem e convicção.

            Nenhuma área pode unir melhor a sociedade que a Educação. Nenhuma ferramenta é mais decisiva do que ela para superarmos a pobreza e a miséria. Nenhum espaço pode realizar melhor o presente e projetar com mais esperança o futuro do que uma sala de aula bem equipada, onde professores possam ensinar bem, e alunos possam aprender cada vez melhor. É neste caminho que temos que seguir avançando com passos largos.

            É hora de investir ainda mais na formação e remuneração de professores, de ampliar o número de creches e pré-escolas em todo o país, de criar condições de estudo e permanência na escola, para superar a evasão e a repetência. E, muito especialmente, acabar com essa trágica ilusão de ver aluno passar de ano sem aprender quase nada.

            É hora de fazer mais escolas técnicas, de ampliar os cursos profissionalizantes, de melhorar o ensino médio, as universidades e aprimorar os centros científicos e tecnológicos de nível superior. É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o Planeta. Em suma, esta é a grande hora da Educação brasileira. Isso só será possível se cada pai, cada aluno, cada professor, cada prefeito, cada governador, cada empresário, cada trabalhador tomar para si a tarefa de acompanhar, discutir, cobrar, propor e construir novos caminhos para a nossa Educação. Como Presidenta, como mãe e avó, darei tudo de mim para liderar esse grande movimento.

            Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

            Pouco mais de um mês depois de assumir a Presidência, tenho algumas coisas a anunciar na Educação. Vamos lançar, ainda neste trimestre, o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica, o Pronatec, que, entre outras vantagens, levará ao ensino técnico a bem-sucedida experiência do ProUni.

            Estamos também acelerando a implantação do Plano Nacional de Banda Larga, não só para que todas as escolas públicas tenham acesso à internet como, também, para que, no médio e longo prazos, a população pobre possa ter internet em sua casa ou no seu pequeno negócio a preço compatível com sua renda.

            Informo, também, que o governo está tomando medidas para corrigir e evitar falhas no Enem e no Sisu, pois é fundamental aperfeiçoar e aumentar a credibilidade destes instrumentos, que são muito importantes na avaliação do aluno e da escola e, portanto, na melhoria da qualidade do ensino.

            Para concluir, reafirmo que a luta mais obstinada do meu governo será o combate à miséria. Isso significa fortalecer a economia, ampliar o emprego e aperfeiçoar as políticas sociais. Isso significa, em especial, melhorar a qualidade do ensino, pois ninguém sai da pobreza se não tiver acesso a uma educação gratuita, contínua e de qualidade. Nenhum país, igualmente, poderá se desenvolver sem educar bem os seus jovens e capacitá-los plenamente para o emprego e para as novas necessidades criadas pela sociedade do conhecimento.

            País rico é país sem pobreza. Este será o lema de arrancada do meu governo. Ele está aí para alertar permanentemente a nós, do governo, e a todos os setores da sociedade, que só realizaremos o destino de grandeza do Brasil quando acabarmos com a miséria.

            Sem dúvida, essa é uma tarefa para toda uma geração. Mas nós temos determinação para realizar a parte importante que falta, para que a única fome neste país seja a fome do saber, a fome de grandeza, a fome de solidariedade e de igualdade. E para que todos os brasileiros possam fazer da educação a grande ferramenta de construção do seu sonho.

            Muito obrigada e boa noite.

Um discurso contra-ideologia
Meus amigos e amigas, leitores desta singela reflexão... não é de hoje que ouvimos tantos absurdos no trato com a educação deste país. Para os leigos em matéria de educação, a presidenta como ela  quer ser chamada, disse tudo e mais um pouco, parece que existe a idéia de que agora vai. Encontramos alguém que vai salvar este país da ignorância. Sinto muito ser pessimista para muitos, mas vou discordar veementemente de nossa presidenta neste pequeno esboço de crítica.
Para o termo ideologia que utilizamos no título, existem algumas conceituações, porém iremos nos deter ao conceito que diz: um conjunto de idéias difundidas até de forma lógica, porém falsa em essência, pois sua intenção é mascarar a realidade dos fatos. O ideólogo que manipula o discurso tem o poder cultural e político de contar mentiras de forma convincente (conceito nosso).
Falar que a escola deve ser assim ou assada todo mundo sabe dá pitaco! Resumi o problema educacional deste país à dimensão pedagógica é muito fácil. Dizer que educação é a redentora de um país é o melhor caminho para esconder os motivos reais da pobreza, da violência, da falta de solidariedade, etc... sinto muito presidenta... o problema é político! Não dá pra sociedade se envolver a tal ponto como a senhora o quer, pois o dever do estado é promover uma educação humanizadora, cidadã, crítica e científica. E onde é que isso acontece? Na escola! E que tipo de escola (se é que podemos chamar estes prédios mal projetados e mal construídos em sua grande maioria de escolas) temos hoje presidenta? Com estes princípios citados acima ou com os princípios de meritocracia, da competitividade, da produtividade pela produtividade?
Não existe a possibilidade de termos neste país uma maioria de crianças e jovens apaixonados pelo saber! Pois ele (o saber) é descartável, desumaniza, não gera solidariedade, pois os estudantes são seriados, enquadrados em disciplinas fechadas, são objetos da ação pedagógica autoritária e irresponsável, são constantemente peneirados nos vestibulares e Enem, tornamos os estudantes mais concorrentes ou em recursos humanos, do que em seres humanos.
Não dá para construirmos uma casa bonita e sólida, quando começamos por cima, negligenciando a base, o chão onde queremos fixar-nos! Na educação é a mesma coisa...  é preciso começar pelos educadores!  São eles que irão construir essa casa que desejamos, são eles os trabalhadores, mestres neste ofício. Primeiro se pensa e educa o educador que queremos. É preciso dá sentido ao ofício de educar! É preciso valorizar! São pessoas! Não são só professores! São mediadores de cultura! Nada supri uma positiva imagem de educar e do educador! Só os loucos chamam leigos para construir a sua casa! Quando é que primeiro iremos pensar em nossos educadores e com eles construirmos nossos projetos educativos? Ninguém os houve! Por quê? Não são capazes de buscar soluções para os problemas educacionais deste país? O modelo gestor ou governante – pensador e o professor – executor ou fazedor não responde mais as exigências da real ou reais situações das escolas.
Vivemos um tempo em que reina na educação o pensamento tecnocrático. Está na moda os cursos técnicos, as faculdades rápidas, o aligeiramento da formação, quem vende mais educação em menos tempo, o pronatec (o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica). Tudo isso e muito mais está acima de qualquer outro princípio ou dever da educação. Alias, não existem outros objetivos que se queira com a educação do povo que não seja o seu analfabetismo funcional. Infelizmente, é só isso que temos para o pobre, uma educação pobre e funcional.
Tendo você lido esta crítica feita ao discurso vazio e sem soluções reais de nossa nova presidente em matéria de educação, pergunto: você percebe que na grande maioria das falas de quem está no poder nunca ou quase nunca ouvimos o que queremos ouvir e sim o que eles acham mais conveniente falar? Tenhamos cuidados trabalhadores da educação! Temos que ter os dois ouvidos bem abertos para as falas e os dois olhos para ver o mundo, para nos perguntarmos quais nossos reais desafios e quais as mais adequadas soluções que resolverão estes mesmos desafios pela raiz!
Pois o que está prescrito nos planos, leis, discursos, estatísticas... não vem correspondendo a realidade! É preciso resolver os dilemas da vida do educador! Eis o fundo do posso! Como dizem: o buraco é mais embaixo e não na colocação de banda larga nas escolas. Presidenta... por favor diga a verdade verdadeira!!!!! 

Paulo Roberto